Este artigo foi publicado pela primeira vez no Deythere.
- Detalhes da Compra Mais Recente de Ouro pela Tether
- Reserva de Ouro da Tether vs. Reservas de Bancos Centrais
- Porque a Tether Está a Comprar Ouro: Implicações e Casos de Uso
- Opinião de Especialistas: A Estratégia de Ouro da Tether
- Contexto Regulamentar: GENIUS Act e Regras das Stablecoins
- Conclusão
- Perguntas Frequentes Sobre a Compra de Ouro pela Tether
- Quanto ouro a Tether tem?
- O que a Tether faz com tanto ouro?
- O que isto tem a ver com bancos centrais?
- A Tether pode legalmente deter ouro?
- As compras da Tether influenciam o preço do ouro?
- Glossário
No 3.º trimestre de 2025, a Tether a empresa por trás da stablecoin USDT — comprou alegadamente 26 toneladas de ouro num único trimestre, um volume maior do que o adquirido por qualquer banco central individual no mesmo período.
No final desse trimestre, as reservas totais de ouro da Tether situavam-se em cerca de 116 toneladas (aproximadamente 14 mil milhões de dólares). A pilha de ouro da Tether é agora comparável à de países como Grécia, Coreia do Sul ou Hungria.
Detalhes da Compra Mais Recente de Ouro pela Tether
Compra de ouro: 26 toneladas no 3.º trimestre de 2025, mais do que qualquer banco central individual comprou no mesmo período.
Total em reservas: 116 toneladas até setembro de 2025, equivalente a bancos centrais de média dimensão. A Bloomberg reportou 80 toneladas até meados de 2025.
Relevância no mercado: Analistas observam que as compras da Tether representaram cerca de 2% do tamanho total do mercado e 12% das compras de bancos centrais no Q3, pressionando a oferta e influenciando os preços.
Compradores diversos: Para além dos bancos centrais, compradores privados como fundos soberanos, empresas e emissores de stablecoins, incluindo a Tether, estão a acumular ouro.
Porque é que a Tether está a comprar ouro, de forma comparável aos bancos centrais, e o que isso significa para o mercado e para as stablecoins?
Reserva de Ouro da Tether vs. Reservas de Bancos Centrais
Os bancos centrais, no total, compraram cerca de 220 toneladas de ouro (um aumento de 28% em relação ao Q2) no 3.º trimestre de 2025.
No entanto, a compra de 26 toneladas pela Tether, só nesse trimestre, foi superior à aquisição de qualquer banco central individual. No final de setembro de 2025, a reserva de 116 toneladas colocou a Tether entre os 30 maiores detentores de ouro do mundo.
Para contextualizar, eis como as compras da Tether no Q3 e o total das suas reservas se comparam com alguns bancos centrais:
| Entidade | Compra de Ouro no Q3 2025 (toneladas) | Reservas Totais (toneladas) |
|---|---|---|
| Tether (emissora de stablecoin) | 26 | 116 |
| Cazaquistão (banco central) | 18 | 324 |
| Brasil (banco central) | 15 | 145 |
| Turquia (banco central) | 7 | 641 |
| Guatemala (banco central) | 6 | 13 |
Estes números reforçam o que já se observava: as compras trimestrais da Tether rivalizaram ou superaram as de bancos centrais de média dimensão (como Cazaquistão e Brasil) e ultrapassaram mesmo alguns maiores naquele período.
Os 116 t da Tether (setembro de 2025) aproximam-se das 112 t da Grécia e das 104 t da Coreia do Sul, mas estão longe dos principais detentores como os EUA ou o FMI.
Em termos simples, uma entidade não estatal (a Tether) tem agora mais ouro em reservas do que a maioria das nações.
Porque a Tether Está a Comprar Ouro: Implicações e Casos de Uso
A compra de ouro por parte da Tether pode parecer estranha para uma emissora de stablecoins, mas a empresa apresenta isso como parte da sua estratégia de diversificação e estabilidade de reservas.
O CEO da Tether afirma que continuam a investir parte das reservas em ativos seguros como Bitcoin, ouro e terrenos.
A Tether enfatiza que estas compras são feitas com os lucros da empresa e não com as reservas de depósitos do USDT.
Ou seja, a Tether usa o seu balanço de forma semelhante a um “mini banco central”. Mantém dinheiro e títulos do Tesouro, bem como ativos não monetários (ouro, Bitcoin, empréstimos), para fortalecer o seu portfólio de reservas.
De acordo com um relatório, a aquisição de ouro pela Tether baseia-se nos lucros e proporciona diversificação, gestão de risco e suporte ao USDT.
Casos de Uso
Reservas de stablecoin: A Tether emite o USDT e precisa de o respaldar com ativos. A maior parte está em dinheiro ou Tesouros, mas parte foi investida em ouro como camada adicional de reserva.
Token lastreado em ouro (XAUT): A Tether também emite um token de ouro lastreado 1:1 em ouro físico. A certificação oficial indica que, para cada XAUT em circulação, existe uma onça de ouro em custódia (no Q1 2025, cerca de 7,7 t).
Proteção contra a inflação: A empresa cita a incerteza económica global e o medo da inflação como motivos para investir. O ouro tokenizado (XAUT) permite às pessoas ter ouro em formato digital.
Rendimento: Tal como um banco, a Tether procura obter retorno sobre as reservas. Pode lucrar com a valorização do ouro e também investiu em ações de empresas mineiras e de royalties.
Analistas indicam que a Tether combina lógica de banco central (reserva de valor, liquidez) com tendências cripto. Emissores de stablecoins, fundos soberanos, empresas e tecnológicas estão todos a atuar no mercado do ouro.
Para a Tether, comprar ouro é uma decisão comercial privada, relacionada com gestão de risco e investimento, e não com política monetária governamental.
Nos seus relatórios, a Tether mostra que o ouro é apenas uma parte das reservas. No Q3 2025, cerca de 7% das reservas consolidadas estavam em ouro, sendo o resto em dinheiro, títulos e outros valores mobiliários.
Opinião de Especialistas: A Estratégia de Ouro da Tether
Especialistas veem as compras da Tether como sinal de mudança de dinâmica. O banco de investimento Jefferies afirmou que a Tether é o maior detentor de ouro fora dos bancos centrais.
Segundo a Jefferies, as compras de 26 t no Q3 representaram cerca de 2% da procura global e 12% da procura de bancos centrais nesse trimestre.
Ou seja, a Tether foi, sozinha, um comprador marginal relevante.
A Jefferies alertou que a procura da Tether poderá ter restringido a oferta a curto prazo e influenciado o sentimento do mercado.
A instituição também observa o objetivo “otimista” da Tether: investidores acreditam que a empresa planeia comprar mais 100 toneladas em 2025. Com lucros acima de 15 mil milhões de dólares, os analistas dizem que isso é viável.
Analistas destacam a ligação ideológica entre ouro e cripto: ambos são vistos como proteção contra a desvalorização monetária. Mike Dolan escreveu que moedas fiat em excesso impulsionam a procura por ativos de oferta limitada, tornando ouro e cripto reservas de valor complementares.
Em resumo, se os investidores receiam inflação ou risco político, podem recorrer ao ouro através de canais cripto como a Tether.
Ainda assim, os analistas alertam contra extrapolar demasiado: isto não significa insolvência nem antecipação de colapso do mercado. Empresas privadas compram ouro por diversos motivos estratégicos, e isso, por si só, não indica problemas de liquidez.
Contexto Regulamentar: GENIUS Act e Regras das Stablecoins
A compra de ouro pela Tether também levanta questões regulatórias. Em julho de 2025, os EUA aprovaram o GENIUS Act (Guiding and Establishing National Innovation for U.S. Stablecoins), que define novas regras para stablecoins.
A lei exige 100% de reservas em ativos líquidos (como dólares ou Tesouros), excluindo ouro ou outras commodities ilíquidas.
Na prática, impede que emissores de stablecoins resgatáveis mantenham ouro como colateral.
Mesmo assim, a Tether continua a comprar ouro, o que tem sido analisado de perto.
Segundo a Trakx, as compras no Q3 “parecem entrar em conflito com o GENIUS Act”.
Após a divulgação, surgiram relatos de que a S&P Global rebaixou a classificação de estabilidade de crédito da Tether para “fraca (5)” devido à exposição a ativos de maior risco, incluindo ouro.
A Tether anunciou planos para uma nova stablecoin compatível com a lei (USAT), que não será lastreada em ouro, mas, por enquanto, as reservas em ouro continuam significativas.
Em suma, as compras de ouro da Tether parecem desafiar a legislação iminente, sugerindo que a empresa aceita o risco regulatório, confiando no seu modelo de negócio e posição de mercado.
Conclusão
As compras de ouro da Tether parecem ser uma decisão estratégica que superou compradores oficiais e reflete tendências do mercado.
As aquisições de 26 toneladas no Q3 e cerca de 116 no total tornam a Tether um dos maiores detentores não soberanos.
Analistas apontam para a intenção da empresa de reduzir a concentração de reservas e oferecer um produto de “ouro digital” como reserva de valor.
Especialistas indicam que a procura da Tether foi suficiente para impactar a oferta e o sentimento de mercado.
Por fim, a compra de ouro pela Tether sugere que investidores procuram refúgios seguros tanto no mundo cripto como no financeiro tradicional.
Perguntas Frequentes Sobre a Compra de Ouro pela Tether
Quanto ouro a Tether tem?
Cerca de 116 toneladas no final do Q3 2025. Em meados de 2025, eram cerca de 80 toneladas. Aproximadamente 104 t sustentam o USDT e 12 t o XAUT.
O que a Tether faz com tanto ouro?
A empresa afirma que as compras vêm dos lucros e visam diversificar reservas. Analistas dizem que é uma estratégia, não resposta a stress financeiro.
O que isto tem a ver com bancos centrais?
A Tether comprou mais ouro num trimestre do que qualquer banco central individual. O total dos bancos centrais foi 220 t no Q3, e a Tether representou cerca de 12% disso.
A Tether pode legalmente deter ouro?
O GENIUS Act exige ativos líquidos para lastrear stablecoins. O ouro não é considerado suficientemente líquido, pelo que não é permitido como colateral. A Tether planeia emitir o USAT para cumprir a lei.
As compras da Tether influenciam o preço do ouro?
Sim. Analistas da Jefferies afirmam que as compras representaram 2% da procura global e 12% da dos bancos centrais no Q3, pressionando os preços em 2025.
Glossário
Stablecoin: Criptomoeda desenvolvida para manter valor estável, ligada a reservas.
Reservas de ouro: Ouro físico detido por bancos centrais ou instituições.
XAUT (Tether Gold): Token representativo de ouro, cada unidade lastreada em uma onça de ouro físico.
Certificação de reservas: Verificação independente das reservas e passivos.
GENIUS Act: Lei dos EUA (2025) que regula stablecoins, exigindo reservas líquidas e excluindo ouro.

