De acordo com os últimos relatórios do setor, a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) e a Nasdaq estão a agir rapidamente para introduzir a blockchain nos mercados de ações por meio de títulos tokenizados, transformando ações de empresas como Apple, Nvidia e Tesla em tokens digitais na cadeia.
A Nasdaq acaba de apresentar propostas de alteração das regras para permitir que as ações tokenizadas sejam negociadas juntamente com as ações tradicionais, sob a mesma estrutura de execução e direitos.
As empresas de criptomoedas e as plataformas de tecnologia financeira estão a acolher a mudança, mas as instituições financeiras tradicionais estão a resistir, alegando riscos estruturais e proteção das funções tradicionais. Mesmo assim, a comissária da SEC, Hester Peirce, afirmou que os ativos tokenizados são títulos e devem cumprir as regras existentes.
O que são Títulos Tokenizados e a Proposta da Nasdaq
Os títulos tokenizados são representações digitais de ativos tradicionais, como ações ou ETPs, emitidos como tokens baseados em blockchain, mantendo os mesmos direitos (voto, dividendos, liquidez) que os seus equivalentes tradicionais.
No início do mês passado, a Nasdaq apresentou uma proposta de alteração de regras (SR-NASDAQ-2025-072) à SEC para permitir que ações e ETPs listados sejam negociados na forma tokenizada, juntamente com as suas versões tradicionais. De acordo com o plano, as ações tokenizadas devem ser fungíveis com as ações tradicionais, ter o mesmo CUSIP e os mesmos direitos.
Os investidores terão uma escolha: liquidar uma transação através do método tradicional ou da blockchain. A execução, o encaminhamento, a vigilância e os relatórios serão os mesmos; apenas a liquidação será diferente.
A Depository Trust Company (DTC) cunhará a versão tokenizada pós-negociação e a entregará às carteiras blockchain dos participantes, continuando a apoiar a liquidação T+1.
A Nasdaq espera as primeiras transações liquidadas com tokens até ao terceiro trimestre de 2026, dependendo da disponibilidade da SEC e da DTC.
Posição Regulatória: Peirce, SEC e o Empurra ou Puxa
A tokenização de títulos está na interseção entre inovação e regulamentação. A comissária da SEC Hester Peirce, frequentemente considerada favorável às criptomoedas, disse que os títulos tokenizados não alteram a natureza fundamental do ativo. Ela disse:
“Por mais poderosa que seja a blockchain, ela não tem poderes mágicos para alterar a natureza do ativo subjacente. Os títulos tokenizados continuam a ser títulos.» Peirce também afirmou que a SEC está «disposta a conversar com pessoas que desejam tokenizar».
Mas outros estão a se opor veementemente. A Federação Mundial de Bolsas (WFE) e outros participantes estabelecidos estão a resistir, alegando que as ações tokenizadas irão corroer a infraestrutura dos mercados de capitais e criar incerteza quanto aos direitos dos acionistas. Eles estão a instar a SEC e a ESMA a reforçar as regras e impedir o uso indevido.
Na própria proposta da Nasdaq, as ações tokenizadas são descritas como «tendo os mesmos direitos e proteções que os títulos subjacentes». Isto implica que a tokenização deve operar dentro dos quadros legais existentes, e não fora deles.
Resistência Institucional e Desafios de Infraestrutura
Apesar do impulso, os grandes players estão a soar o alarme. Empresas como a Citadel Securities, grandes bancos e corretoras tradicionais veem riscos para o seu papel nas camadas de liquidação, compensação e custódia. Eles argumentam que a tokenização tornará partes da sua infraestrutura obsoletas ou perturbará os seus modelos de negócio.
A WFE alertou que alguns títulos baseados em blockchain «imitam» ações, mas carecem de direitos ou salvaguardas dos acionistas. Estão a instar os reguladores a regulamentar as «ações tokenizadas» como títulos e não como ativos novos.
Roteiro e Riscos
Do ponto de vista técnico, a DTC precisa de construir sistemas prontos para blockchain que mapeiem as ações tokenizadas para as tradicionais. A conversão, a contabilidade, a ligação da carteira, a reconciliação da liquidação e os mecanismos de reversão são todos problemas de engenharia difíceis.
A custódia é outra barreira: quem detém as chaves privadas? Se for a instituição ou a câmara de compensação, a confiança volta a recair sobre os sistemas centralizados. Se for o investidor, a recuperação e a conformidade tornam-se complexas. Os prestadores de serviços de custódia terceirizados precisam de se expandir.
O risco de fragmentação da liquidez também está presente: se os mercados tokenizados e tradicionais divergirem em profundidade ou roteamento, a descoberta de preços será interrompida. É fundamental garantir livros de ordens unificados e equivalência na prioridade de execução.
A Nasdaq está a propor que as ações tokenizadas e tradicionais sejam negociadas no mesmo livro de ordens.A proposta da Nasdaq está em vigor e aberta a comentários até 14 de outubro de 2025, quando a SEC analisará o feedback.
Se aprovada, as negociações liquidadas por tokens poderão começar no terceiro trimestre de 2026, desde que a DTC e a infraestrutura estejam prontas.
Conclusão
Com base nas pesquisas mais recentes, permitir que as ações sejam “negociadas como criptomoedas” por meio de títulos tokenizados pode mudar os mercados de capitais, se feito da maneira certa. A proposta da Nasdaq é um caminho cuidadosamente traçado. Ações tokenizadas com direitos totais, negociação unificada, liquidação opcional em blockchain e total conformidade regulatória.
O apoio da comissária Peirce significa que a conversa pode continuar, mas a tokenização só funcionará se respeitar os fundamentos legais e estruturais dos mercados tradicionais.
Para uma análise aprofundada e as últimas tendências no espaço criptográfico, a nossa plataforma oferece regularmente conteúdos especializados.
Resumo
A Nasdaq propôs títulos tokenizados; versões blockchain de ações e ETFs; para negociar juntamente com ações tradicionais. As plataformas criptográficas e Peirce são a favor. As instituições de Wall Street estão preocupadas. São necessárias infraestruturas, preparação da DTC, alinhamento regulamentar e proteções claras para o sucesso.
Glossário
Títulos tokenizados – Tokens digitais em blockchain que representam ativos tradicionais, como ações, com os mesmos direitos.
Fungível/fungibilidade – Intercambiável; unidades idênticas; um token que é idêntico à sua contraparte tradicional.
DTC (Depository Trust Company) – A central de valores mobiliários dos EUA, que lida com liquidação e manutenção de registos.
CUSIP – Identificador único para instrumentos financeiros dos EUA; garante que as ações tokenizadas correspondam às suas contrapartes tradicionais.
Liquidação – Processo de transferência de fundos e títulos para concluir uma transação.
Período de comentários públicos – Fase regulatória que permite às partes interessadas fornecer feedback antes da adoção final da regra.
Perguntas Frequentes sobre Títulos Tokenizados
Os títulos tokenizados substituem as ações tradicionais?
Não. São o mesmo ativo. As ações tokenizadas devem ser equivalentes e ter os mesmos direitos.
Quando as ações tokenizadas poderão ser negociadas ao vivo?
Se tudo correr bem, no terceiro trimestre de 2026, dependendo da aprovação da SEC e da disponibilidade da infraestrutura.
A tokenização das ações alterará os direitos dos acionistas?
De acordo com a proposta da Nasdaq, as ações tokenizadas devem ter os mesmos direitos, incluindo o direito de voto, que as ações tradicionais.
Quem controla a custódia das ações tokenizadas?
A custódia será centralizada para começar ou usar provedores de carteiras ou custodiantes terceirizados qualificados.