A mais recente previsão de Arthur Hayes sobre o Bitcoin voltou a agitar o mundo das criptomoedas. O polêmico cofundador da BitMEX e atual CIO da Maelstrom acredita que o tradicional ciclo de quatro anos do Bitcoin, aquele baseado nos halvings, chegou ao fim. Para ele, a verdadeira força que move o BTC agora é a liquidez global e as políticas dos bancos centrais.
Segundo Hayes, o “halving deixou de ser o coração do Bitcoin”. Em suas palavras: “A liquidez é o novo pulso do mercado.” A declaração provocou intenso debate entre analistas, traders e economistas, muitos dos quais ainda defendem o velho padrão cíclico da moeda.
Da Escassez ao Dinheiro Global
Desde 2009, o comportamento do Bitcoin sempre esteve ligado aos halvings, eventos que ocorrem a cada quatro anos e reduzem pela metade a recompensa dos mineradores. Essa redução na oferta costumava gerar valorização, com picos entre 12 e 18 meses depois. Mas, para Arthur Hayes, esse roteiro já não explica a dinâmica atual.
Em um recente artigo, ele escreveu: “O verdadeiro halving acontece quando a liquidez aperta. Quando o Fed drena o sistema, o Bitcoin cai. Quando eles imprimem dinheiro, o Bitcoin voa.”
Essa tese faz sentido quando se olha para os números. Nos últimos dois anos, a correlação entre o preço do Bitcoin e a oferta global de dinheiro (M2) aumentou drasticamente. Com EUA, China e Japão expandindo seus balanços para sustentar economias frágeis, o BTC disparou mais de 200% entre o fim de 2023 e 2025.
Além disso, com a entrada dos ETFs de Bitcoin e bilhões em fluxos institucionais, o ativo passou a reagir muito mais a fatores macroeconômicos, como juros e liquidez, do que à euforia varejista que marcava os ciclos anteriores.
O Modelo de 4 Anos Está Ultrapassado?
Durante muito tempo, a fórmula do mercado era simples: o halving gera escassez, o preço sobe, a euforia toma conta, e depois vem a correção. Hayes, porém, argumenta que isso acabou quando o capital institucional entrou no jogo.
“O mercado já não é movido por mineradores ou pequenos investidores”, disse ele. “Hoje, o que dita o ritmo são os fluxos de capital, as condições de crédito e os déficits governamentais.”
Para ele, o Bitcoin amadureceu — tornou-se mais parecido com o ouro ou o mercado de ações, reagindo às mudanças na liquidez global.
Reação do Mercado e da Comunidade
A previsão de Arthur Hayes dividiu opiniões. Muitos investidores de longa data continuam acreditando na força dos halvings e apontam gráficos históricos como prova. Já economistas e analistas macro enxergam sentido na nova teoria.
O economista cripto Alex Krüger resumiu bem: “A liquidez agora move tudo. Arthur Hayes está certo — o preço do Bitcoin seguirá os bancos centrais, não o calendário.”
O interesse em modelos baseados em liquidez vem crescendo. Nos últimos três meses, as buscas por “ciclo de liquidez do Bitcoin” triplicaram, mostrando que a visão de Hayes está ganhando terreno.
O Que Isso Significa Para Traders e Investidores
Para os traders ativos, a previsão de Arthur Hayes é um alerta e uma oportunidade. Em vez de esperar o próximo halving, ele sugere monitorar os indicadores de liquidez: crescimento do M2, mudanças nas taxas de juros e estímulos fiscais.
“Agora o Bitcoin dança conforme o ritmo da liquidez”, afirmou Hayes. “Ignorar isso é negociar às cegas.”
Já para os investidores de longo prazo, essa visão pode significar mais estabilidade no futuro. Se a liquidez global continuar a crescer, as correções do BTC poderão ser menos severas — quedas de 30% ou 40%, em vez dos antigos colapsos de 80%.
Além do Bitcoin: Efeito Cascata no Mercado Cripto
A tese de Hayes se estende a todo o ecossistema. Altcoins, plataformas DeFi e ativos tokenizados também dependem da liquidez. Quando o dinheiro flui, os ativos de risco disparam — de Ethereum a Solana. Quando seca, o mercado todo encolhe.
Isso pode mudar a forma como analistas preveem as “altseasons”, o crescimento dos stablecoins e até o volume dos NFTs. No fim das contas, Hayes resume: “O fluxo de dinheiro dita o momento.”
Um Olhar Contrário: O Ciclo Realmente Morreu?
Nem todos concordam com o fim do ciclo dos halvings. Alguns analistas argumentam que, mesmo sem impacto direto na oferta, o evento ainda tem poder psicológico — cria expectativa, impulsiona narrativas e atrai novos investidores.
O veterano trader Peter Brandt comentou: “A liquidez importa, sim. Mas as narrativas movem as pessoas, e o halving ainda é a história mais forte do Bitcoin.”
Talvez a verdade esteja no meio. A liquidez pode determinar a direção macro, enquanto os halvings continuam a ditar o ritmo emocional do mercado.
Conclusão
A previsão de Arthur Hayes marca uma nova forma de interpretar o futuro do Bitcoin. Sua análise conecta o mundo cripto à macroeconomia global, mostrando que o BTC já não é um ativo isolado — é um espelho da liquidez mundial.
Se o dinheiro continuar fluindo, o Bitcoin pode quebrar paradigmas e se firmar como um verdadeiro reserva de valor global. E se Hayes estiver certo, estamos apenas no começo da mais longa expansão da história do BTC.
Perguntas Frequentes
1. O que diz a previsão de Arthur Hayes?
Hayes acredita que o ciclo de quatro anos do Bitcoin acabou e que a liquidez global é agora o principal fator que define seu preço.
2. Como a liquidez afeta o Bitcoin?
Quanto mais dinheiro circula no sistema financeiro, mais capital vai para ativos como o BTC. Quando os bancos centrais apertam a liquidez, o preço tende a cair.
3. Qual o próximo preço-alvo segundo Hayes?
Ele evita números exatos, mas sugere que, com expansão de liquidez, o Bitcoin pode ultrapassar os US$ 150.000 antes de uma nova fase de aperto.
4. Os halvings ainda importam?
Sim, mas mais como gatilhos narrativos do que como forças fundamentais. Eles ajudam a manter o entusiasmo, mesmo que não comandem mais o mercado.
Glossário
Halving: Evento que reduz pela metade a recompensa dos mineradores de Bitcoin, diminuindo a oferta de novas moedas.
Liquidez: Volume de dinheiro e crédito disponível no sistema financeiro.
M2: Medida ampla de liquidez que inclui dinheiro em circulação e depósitos bancários.
Política Macro: Ações econômicas de governos e bancos centrais que influenciam mercados.
Teoria dos Ciclos: Ideia de que o preço do Bitcoin segue padrões previsíveis de quatro anos baseados nos halvings.