Este artigo foi publicado pela primeira vez no Deythere.
- Desenvolvimentos Recentes no BRICS
- Adoção de Criptomoedas pelos BRICS e seu Impacto nos Mercados Globais
- Inovações de Pagamento dos BRICS e Desdolarização
- Indicações por País sobre Cripto: Japão, Coreia do Sul, Índia, Austrália e EUA
- Opinião de Especialistas: Geopolítica, CBDCs e Cripto
- Desafios e Perspectivas para a Adoção Cripto no BRICS
- Conclusão
- Glossário
- Perguntas Frequentes sobre a Adoção Cripto pelos BRICS
- Qual país do BRICS é mais favorável às criptos?
- O que é o BRICS Pay?
- O BRICS lançará uma criptomoeda conjunta?
- Por que os BRICS estão interessados em cripto?
- Referências
As nações do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul), as cinco maiores economias de mercados emergentes, que representam cerca de metade da população mundial e um terço do PIB global, têm mais influência sobre a velocidade com que a adoção das criptomoedas avança no mundo.
A Chainalysis classificou Índia, Brasil e Rússia entre os 10 principais países em uso de criptomoedas em 2025, confirmando sua relevância. Discussões recentes nas cúpulas do BRICS deram prioridade a plataformas de pagamento baseadas em blockchain e ao comércio em moedas locais, à medida que esses países buscam reduzir a dependência do dólar americano.
No Brasil, por exemplo, está sendo facilitado o uso de pagamentos transfronteiriços em moeda nacional e, ao mesmo tempo, explora-se a tecnologia blockchain. A China, por sua vez, também membro do BRICS, mantém uma proibição total às criptomoedas privadas, mas avança com o yuan digital e até considera planos para a criação de uma stablecoin lastreada no yuan.
Essa combinação de alta adoção (Índia, Brasil, Rússia) e política conservadora (China, partes da Índia) torna a adoção cripto pelos BRICS um elemento misto, porém crucial, na dinâmica global das criptomoedas.
Desenvolvimentos Recentes no BRICS
A Rússia aprovou uma lei que permitirá o uso de criptomoedas no comércio internacional para contornar sanções, e o banco central do Brasil está se preparando para regular stablecoins. A Índia, agora vista por algumas estimativas como o maior mercado de criptomoedas do mundo, está reavaliando sua posição conforme o cenário global muda.
O grupo BRICS, por sua vez, está desenvolvendo um mecanismo de pagamento transfronteiriço (“BRICS Pay”) que será integrado a sistemas nacionais como o SPFS da Rússia, o CIPS da China, o UPI da Índia e o Pix do Brasil.
Esses desenvolvimentos, que vão de reformas regulatórias a nova infraestrutura, mostram como os esforços para adoção de criptomoedas no mundo BRICS estão impulsionando o avanço das moedas digitais globalmente.
Adoção de Criptomoedas pelos BRICS e seu Impacto nos Mercados Globais
O BRICS lidera o boom cripto nos mercados emergentes. A Índia ocupa a posição nº 1, enquanto o Brasil é nº 5 e a Rússia nº 10, de acordo com o Índice de Adoção de Criptomoedas da Chainalysis de 2025.
A China fica notavelmente de fora, em parte devido à proibição instituída no ano passado ao comércio privado de criptomoedas, e a África do Sul ainda não aparece entre os 20 primeiros da lista da Chainalysis.
Essas classificações mostram que os países do BRICS, especialmente na Ásia e América Latina, estão se tornando alguns dos mercados de criptomoedas que mais crescem. Em meados de 2025, o volume de transações cripto na Ásia-Pacífico subiu 69% (para US$ 2,36 trilhões) e na América Latina cresceu 63%; membros do BRICS representaram grande parte desse crescimento.
A adoção cripto pelos BRICS avança fortemente no Sul Global, onde muitos residentes veem as criptomoedas como uma forma de pagar por bens e serviços, enviar dinheiro para casa e investir.
Tabela: Índice de Adoção de Criptomoedas nos Países do BRICS (Chainalysis 2025)
| País | Classificação Global de Adoção (2025) |
|---|---|
| Índia | 1 |
| Brasil | 5 |
| Rússia | 10 |
| China | (Não está no top 20; cripto proibido) |
| África do Sul | (Não está no top 20) |
Não é apenas em números absolutos que a influência dos países do BRICS é sentida no setor cripto. Muitos estão testando a blockchain em aplicações práticas.
Por exemplo, o sistema de pagamentos instantâneos do Brasil, conhecido como Pix, já superou o dinheiro em espécie e está sendo projetado para interagir com sistemas de outros países. O UPI da Índia e o UnionPay/CIPS da China também poderiam ser as espinhas dorsais de uma rede abrangente do BRICS.
Como observam analistas especialistas, a adoção cripto pelos BRICS é impulsionada por necessidades práticas: redução de taxas de transação e evasão de sistemas legados. Segundo Fedor Ivanov, da Shard, os líderes do BRICS pretendem implementar um sistema de pagamento baseado em moedas fiduciárias, o “BRICS Bridge”, com CBDCs e blockchain, que evitaria altas taxas e o uso do SWIFT (e, portanto, do dólar).
Inovações de Pagamento dos BRICS e Desdolarização
O BRICS busca não uma moeda única, mas sistemas alternativos de pagamento usando blockchain e moedas locais. A presidência brasileira do BRICS em 2025 rejeitou explicitamente uma moeda digital compartilhada, mas está promovendo reformas para facilitar o comércio transfronteiriço em moedas locais.
As cúpulas de Kazan (2024) e São Paulo (2025) adotaram um comunicado apoiando um sistema único de pagamentos do BRICS e maior volume de comércio denominado em moedas nacionais.
Líderes teriam concordado em explorar conexões técnicas entre os sistemas nacionais existentes (SPFS da Rússia, CIPS da China, UPI da Índia) para criar uma rede transfronteiriça interoperável.
Importante notar que o BRICS acolheu a tecnologia blockchain. Autoridades brasileiras afirmaram que “estudarão” a blockchain para reduzir custos de transações, e um sistema protótipo chamado “BRICS Pay” foi apresentado em Moscou no final de 2024.
Essa infraestrutura descentralizada de mensagens pretende ser um protocolo de código aberto com nós em cada país. Teoricamente, esse sistema poderia lidar com dezenas de milhares de mensagens por segundo, operando sobre micropagamentos.
O yuan digital da China e o real digital do Brasil indicam uma mudança rumo a sistemas de liquidação com suporte em blockchain, o que pode levar a um arranjo no estilo BRICS, comenta uma análise da GIS.
O objetivo é simples: permitir que empresas do BRICS transacionem diretamente usando rúpias, reais, rublos etc., eliminando fricções comerciais e a dependência do dólar americano. O foco está em “reduzir fricções no comércio global”, e não em mirar uma moeda específica.
Indicações por País sobre Cripto: Japão, Coreia do Sul, Índia, Austrália e EUA
Os países do BRICS diferem fortemente em política e motivação quanto às criptomoedas, e isso afeta sua contribuição para a adoção global:
Índia é o maior mercado mundial de uso popular de criptomoedas, com demanda de pequenos usuários e varejistas. Porém, formuladores de políticas são cautelosos. Um alto funcionário afirmou no início de 2025 que o país estava revisando sua postura diante das mudanças geopolíticas.
Um documento confidencial do governo (setembro de 2025) confirmou a preferência por supervisão limitada. Relatórios indicam que ministros temem que a regulamentação completa abriria portas para riscos econômicos.
A Índia tem impostos altos para traders e regras rigorosas de reporte. A adoção é liderada pelo varejo. Apesar da cautela, há bilhões de dólares investidos no setor e o debate regulatório continua.
Brasil adotou inovações em pagamentos. O Pix já é referência mundial. O banco central pretende regular stablecoins e ativos tokenizados em 2025, inclusive cogitando impostos sobre transferências internacionais cripto.
Isso reflete uma abordagem mista: as criptos são úteis, mas precisam de supervisão. Parlamentares alertaram que muitas transações migraram para stablecoins como o USDT, em vez de Bitcoin.
Mesmo assim, a demanda cresce. O volume negociado atingiu recorde em 2025, liderado por stablecoins lastreadas em reservas, enquanto reguladores trabalham em novas regras.
Rússia tem sido agressiva no uso de cripto para contornar sanções. Uma lei permite pagamentos cripto no comércio internacional. O banco central foi instruído a desenvolver um “experimento” com infraestrutura cripto.
O presidente Putin legalizou mineração e transações transfronteiriças. O objetivo é destravar o comércio com parceiros como China e Índia. Hoje, 90% do comércio com BRICS já é em moedas nacionais, e a cripto é vista como arma adicional de desdolarização.
China é um caso à parte. Proíbe o comércio privado, mas promove vigorosamente seu yuan digital (CBDC). Pequim promove o yuan no comércio com outros BRICS e já mencionou uma stablecoin lastreada na moeda.
A China busca inovação em blockchain (líder mundial em patentes) mantendo controle estatal. O foco é em moedas estatais, e não em Bitcoin e Ethereum, e não é um movimento político contra cripto.
África do Sul possui setor varejista cripto em expansão, com milhões de operações e pico em stablecoins. O SARB alertou que criptos não reguladas podem burlar controles de capital. Novas regras são esperadas para regular comércio transfronteiriço e stablecoins.
Em resumo, reguladores sul-africanos acompanham um mercado em rápido crescimento.
Opinião de Especialistas: Geopolítica, CBDCs e Cripto
Especialistas dizem que a adoção cripto pelos BRICS é tanto geopolítica quanto tecnologia. CBDCs de atacado e blockchain devem sustentar a plataforma “BRICS Bridge”, contornando SWIFT e o dólar, observa Fedor Ivanov.
Ele afirma que, se os países lançarem suas CBDCs com sucesso, stablecoins podem perder atração. Moedas estatais evitariam riscos políticos de congelamento. A dominância do USDT poderá ser desafiada.
Ainda assim, Ivanov acredita que Bitcoin continuará sendo visto como reserva descentralizada de valor. Ele alerta que grandes economias do BRICS são “muito desconfiadas de criptomoedas” e poderiam proibi-las quando suas CBDCs forem implantadas.
Geopoliticamente, entende-se que os movimentos do BRICS rivalizam com a hegemonia monetária ocidental. A Rússia impulsiona alternativas por causa das sanções.
Analistas alertam que nenhum membro isolado derrubará o dólar, mas juntos desenvolvem alternativas. Autoridades ocidentais avisam que o avanço cripto dos BRICS pode gerar retaliações.
O presidente Donald Trump ameaçou impor tarifas caso o grupo “brincasse com o dólar”. Assim, especialistas dizem que as iniciativas seguirão com cautela e testes extensivos.
Desafios e Perspectivas para a Adoção Cripto no BRICS
Apesar do avanço, há obstáculos. Integrar sistemas é difícil. Cada país tem padrões técnicos e regras bancárias próprias.
Politicamente, o bloco não é uniforme. Índia, Brasil e África do Sul tendem a ser mais pragmáticos, enquanto China e Rússia defendem soberania financeira.
E substituir o dólar será extremamente difícil. Ele ainda domina contratos e reservas. Líderes admitem que não abandonarão o dólar tão cedo.
Ainda assim, a adoção avança. O lançamento de CBDCs (e-rúpia na Índia, rublo digital na Rússia no próximo ano, real digital em teste no Brasil) e maior clareza regulatória tornarão os países mais amigáveis às criptos.
Conclusão
A adoção cripto pelos BRICS avança à medida que economias emergentes constroem novos sistemas de pagamento e moedas digitais. Índia, Brasil e Rússia já figuram entre os mercados de crescimento mais rápido, enquanto China e África do Sul ajustam políticas.
Analistas acreditam que esses passos vão, aos poucos, reduzir a dependência do dólar, mas qualquer estratégia conjunta será cautelosa e gradual.
Apesar dos desafios, essas iniciativas estão transformando o BRICS em uma potência no mundo cripto.
Glossário
BRICS: Acrônimo para Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, bloco econômico de economias emergentes.
Moeda Digital de Banco Central (CBDC): Versão digital da moeda soberana emitida pelo banco central.
Stablecoin: Criptomoeda projetada para manter valor estável ao ser atrelada a ativo externo.
Desdolarização: Esforços para reduzir dependência do dólar no comércio e reservas.
Sistema de Pagamento entre Países: Sistema financeiro que permite transferências internacionais.
Perguntas Frequentes sobre a Adoção Cripto pelos BRICS
Qual país do BRICS é mais favorável às criptos?
A Índia é nº 1 no índice 2025; Brasil e Rússia também estão no top 10.
O que é o BRICS Pay?
Rede blockchain proposta para pagamentos internacionais, interligando SPFS, CIPS, UPI e Pix.
O BRICS lançará uma criptomoeda conjunta?
Não há moeda conjunta iminente. O foco é em moedas locais.
Por que os BRICS estão interessados em cripto?
Para facilitar comércio e reduzir dependência do dólar.

